"Por cima o Céu, por baixo a Terra, no meio os Ciganos"

(provérbio Cigano)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bandeira


O Povo Cigano, diz-se ser o Guardião da Liberdade, tendo como lema: “O céu é o meu tecto; a Terra é a minha Pátria e a Liberdade a minha religião”, traduzindo um espírito, essencialmente, nómada e livre dos condicionamentos das pessoas sedentárias. Os Ciganos, apesar de viverem em acampamentos, possuem uma bandeira, um hino e um idioma próprio.

A bandeira foi instituída como símbolo internacional de todos os ciganos do mundo, no ano de 1971, pela International Gypsy Committee Organized, no primeiro World Romani Congress (primeiro Congresso Mundial Cigano), realizado em Londres. A bandeira é constituída por três elementos: a roda vermelha, o azul e o verde.

A roda vermelha no centro simboliza a vida, representa o caminho a percorrer e o já percorrido, a tradição como continuismo eterno; sobrepõe-se ao verde e ao azul, com os seus aros representando a força do fogo, da transformação e do movimento.

O azul representa os valores espirituais, a paz, a ligação do consciente com os mundos superiores significando a libertação e a liberdade.

O verde simboliza a Mãe Natureza, a Terra, o Mundo Orgânico, a força e a luz do crescimento vinculado com as matas, com os caminhos abertos pelos Ciganos; representa o sentimento de gratidão e respeito pela terra, o que ela oferece, de preservação da natureza. Simboliza a relação de respeito por tudo o que ela oferece, proporcionando a sobrevivência do Homem e a obrigação de ser respeitada pelo mesmo que dela retira suprimentos, devendo mantê-la defesa.

História e Origem




Devido à ausência de história escrita, a origem do povo cigano foi um mistério por um longo período de tempo, e é quase impossível definir a sua verdadeira origem. Assim, os ciganos não têm uma história documentada, pois, embora possuam uma língua oral própria, não têm uma língua escrita.



Foi só nos finais do séc. XVIII que os filólogos descobrem um parentesco entre a língua cigana e algumas línguas faladas na Índia. Desta forma, há mais de 200 anos, os antropólogos culturais criaram a hipótese de uma origem indiana baseada nesta evidência linguística, o que se vem a confirmar pelos dados genéticos. A partir desta análise, concluiu-se que o Povo Cigano começou o seu êxodo pela Europa a partir da Índia.



Pensa-se que este Povo origina de uma casta inferior do Noroeste da Índia que, por causas desconhecidas foram obrigados a abandonar o país no 1º milénio D.C. Tratava-se de uma vasta população, composta por diferentes castas e povos, trabalhadores e artesãos, que tinham em comum o facto de servirem uma casta de guerreiros, realizando todo o tipo de trabalhos para manter uma sociedade.



No espaço de um século chegam a todas as extremidades da Europa. A Portugal chegam em 1516. O Povo Cigano divide-se em três grupos na Europa:

· Manouches ou Sintés – instalados na França;
· Rom - instalados nos Balcãs e Europa Central;
· Kalé ou Gitanos (Ciganos) – instalados na Península Ibérica.

Ao contrário do que se possa pensar, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo do seu caminhar. Os anos 1555 e 1780 são marcados pelos ciganos por um período de perseguições e intolerância. Em diversos países foram cometidos actos de violência contra os ciganos: o clima de suspeitas e preconceitos percebe-se no florescimento de lendas e provérbios, tendendo em por os ciganos sob mau prisma, a ponto de se recorrer à Bíblia para os considerar descendentes de Caim, e portanto, malditos.



Depois de vagarem pelas terras do Oriente, os Ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa foi uma das únicas invasões da Historia da Humanidade feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Um dia fomos Pássaros...

Conta uma velha lenda que antigamente os ciganos eram pássaros. Um dia, em pleno voo sobre a terra, viram um palácio dourado brilhando ao sol e desceram para ver melhor. O palácio era habitado por perus, galinhas e patos que, maravilhados pela beleza dos ciganos-pássaros, começaram a oferecer-lhes todo o tipo de jóias e guloseimas suplicando-lhes que não se fossem embora. Em breve todos os pássaros estavam cobertos de correntes de ouro dos pés à cabeça.

Apenas um pássaro resistiu à tentação destas riquezas incitando os outros a retomar o voo. Então, com o coração pesaroso, elevou-se no ar e atirou-se para as pedras desde o alto dos céus. Só nesse momento é que os ciganos-pássaros acordaram do seu atorpecimento e começaram a bater as asas. Mas o ouro puxava-os para baixo e não conseguiam sair do chão.

Os perus, as galinhas e os patos cantaram vitória. Manteriam para sempre aqueles belos pássaros encerrados em gaiolas de ouro. De repente, uma pequena pena vermelha deslizou para dentro do palácio, indo aterrar aos pés dos pássaros. O ouro caiu dos seus corpos mas as suas asas já não lhes obedeciam e não conseguiram levantar voo.

A pequena pena vermelha, suavemente levantada pelo vento, saiu do palácio e foi errar pelos caminhos poeirentos. Os ciganos seguiram-na e foram perdendo as suas penas uma por uma, transformando-se, assim, em humanos.

Com corpo de homem e alma de pássaro, esqueceram-se para sempre de como voar.

Somos...

Livres como os campos,

Misteriosos como o mar,

Andantes como os rios,

Secretos como os bosques,

Ligeiros como os ventos,

Andantes como o fogo,

Cautelosos como a noite,

Imprevisiveis como a estrada,

Leves como o ar,

Argutos como a raposa,

Sentimentais como a música,

Verdadeiros como as crianças,

Mas

INCOMPREENDIDOS como a verdade

Assim como nós,

CIGANOS
(Anny Reis)