Nicolas Sarkozy criticado por relacionar imigração e criminalidade no mesmo pacote de medidas.
Os primeiros ciganos romenos que viviam nos acampamentos ilegais que o Governo francês mandou desmantelar nas últimas semanas vão ser expulsos hoje, conforme anunciou o ministro do Interior, Brice Hortefeaux, apesar de uma chuva de críticas da esquerda, dos media, da ONU, da Comissão Europeia e das autoridades de Bucareste e de Sofia.
79 ciganos de origem romena vão partir no voo de hoje, 136 serão reconduzidos na sexta-feira e 160 no próximo dia 26, confirmou o secretário de Estado para a integração da minoria cigana da Roménia, Valentin Mocanu, ontem citado pela AFP. Paris indicou que pretende expulsar até final do mês 700 ciganos romenos e búlgaros que viviam de forma irregular nos 51 acampamentos desmantelados em território francês.
O número de ciganos em França está estimado em 15 mil, mas nem todos são legais. Apesar de membros da União Europeia, um espaço em que existe livre circulação, como ontem lembrou Bruxelas, romenos e búlgaros estão abrangidos por um acordo transitório que os impede de permanecer mais de três meses em território francês caso não tenham aí qualquer actividade. As regras para entrarem no mercado de trabalho são também rígidas. A França alega, por isso, que não está a cometer nenhuma ilegalidade.
"As medidas decididas pelas autoridades francesas estão em plena conformidade com as regras europeias e não constituem nenhum atentado à liberdade de circulação dos cidadãos da UE", disse, à AFP o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Valero, lembrando que o mais importante é a Comissão Europeia "apoiar os programas de reintegração" dos ciganos nos seus países de origem. E sublinhou a existência de uma directiva que permite a um Estado da UE "restringir a livre circulação por razões de ordem pública, de segurança ou de saúde pública".
Na origem do desmantelamento dos acampamentos e das expulsões "quase imediatas" estão os tumultos provocados pelos ciganos em Julho no centro de França, depois de um polícia ter matado um jovem cigano de 22 anos que não parou numa operação stop. Armados de machados e barras de ferro, os ciganos derrubaram árvores, semáforos, incendiaram carros, atacaram uma padaria e uma esquadra de polícia. Habitantes de alguns dos acampamentos mais antigos, como o de Hanul, que já teria uma década, estão a ser auxiliados por autarquias de esquerda, que classificam de "racismo de Estado" o plano securitário do Governo de Nicolas Sarkozy. O Presidente sugeriu mesmo retirar a nacionalidade francesa a pessoas de origem estrangeira que atentem contra as forças de segurança.
A ONU criticou a perigosa relação que está a ser feita em França entre imigração e criminalidade. "Esta política de humilhação dá uma visão degradante da acção pública. A França não é um país racista", escreveu o Le Monde. "Exprimo a minha inquietação em relação aos riscos de derrapagem populista e de reacções xenófobas num contexto de crise económica", declarou à rádio RFI Roménia o ministro dos Negócios Estrangeiros romeno, Teodor Baconschi.
Mas a verdade é que 79% dos franceses apoiam o desmantelamento dos acampamentos. E isso é o que importa a Sarkozy, candidato à reeleição em 2012. O ministro da Imigração francês, Eric Besson, tentou ontem pôr água na fervura, dizendo que este voo é normal e que este ano já é o 25.º. A França paga 300 euros aos adultos e 100 às crianças, como incentivo ao regresso. Muitos aceitam, mas depois tornam a voltar a França.
fonte: http://dn.sapo.pt
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
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