"Por cima o Céu, por baixo a Terra, no meio os Ciganos"

(provérbio Cigano)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Portugueses Ciganos e Ciganofobia em Portugal" de José Gabriel Pereira Bastos


Uma das ideias centrais transmitidas pelo livro Portugueses ciganos e Ciganofobia em Portugal, organizado pelo antropólogo José Gabriel Pereira Basto, é que o desconhecimento e os preconceitos em Portugal em relação aos ciganos portugueses continuam a ser uma constante, representando mesmo uma “ciganofobia generalizada”. O livro, lançado e apresentado no passado dia 5 de Novembro na Universidade Nova de Lisboa, é uma colectânea de dez investigações etnográficas sobre as mudanças relacionadas com ciganos registadas após a revolução de 1974 e deixa perceber, segundo o autor, que as condições de vida dos ciganos em Portugal continuam pior em comparação com as restantes minorias étnicas. Nestes textos, pode-se encontrar, igualmente, uma análise feita aos sentimentos que se associam à expressão "ciganos em Portugal" quando é feita uma pesquisa na Internet  sendo na esmagadora maioria de conotação negativa, apelando inclusive à violência e à exterminação. 
Um dos objectivos do livro, segundo o texto da sua apresentação, é “contribuir para reduzir o desconhecimento e os preconceitos que ocultam essa distanciação em vias de agravamento e para expor a negação sistemática de quanto esse atraso se deve a uma ciganofobia generalizada, indo do aparelho de Estado e Municipal às polícias e às populações locais que se opõem à integração de famílias ciganas, impedem o seu realojamento social e a sua contratação no mercado de trabalho”.
José Gabriel Pereira Bastos começou o seu trabalho de investigaçao nesta area nos finais da década de 90, quando começou a analisar dados disponiveis sobre as condiçoes socio-demograficas desta comunidade e os resultados escolares dos mesmos. Para ambos os casos, a situaçao da comunidade cigana era sempre pior, na maioria dos indicadores, quando comparados com as comunidades africanas ou timorenses. Em 2005, venceu um concurso para um trabalho sobre ciganos em Sintra.

O livro foi editado pela Colibri e CEMME/CRIA e recomendado pela Amnistia Internacional e pelo SOS Racismo. Abaixo segue a sinopse e o índice.
Sinopse:
A história das relações inter étnicas dos Europeus com os «seus» Ciganos é longa e variada. No Ocidente, tiveram direito a um período inicial de integração religiosa – apresentavam se como «peregrinos católicos» que se dirigiam a Santiago de Compostela, rompendo com a conversão forçada ao Islão, do qual fugiam para o Ocidente cristão, e como tal foram ajudados ao longo do século XV. Uma vez caída essa identidade, seguiram se três séculos de perseguições que visavam, para além da expulsão nacional e do degredo para as colónias, duas formas diferentes de genocídio, a extinção física ou a assimilação cultural forçada, com destruição das famílias ciganas e dos seus costumes (…). A partir do movimento Iluminista, no final do século XVIII, e durante longas décadas, introduzindo novas formas de perseguição e de marginalização, a questão cigana tornou se uma curiosidade histórica (que língua era aquela que falavam? de onde seriam originários?), a qual, mais tarde, se transmutou em curiosidade etnográfica ou, mais precisamente, Folk lórica (quais eram os costumes deste povo?). A fundação, em Londres, da Gypsy Lore Society, em 1898, institucionaliza essa curiosidade «científica». * * * * [José Gabriel Pereira Bastos]

Índice:

Portugueses ciganos e ciganofobia em Portugal: uma introdução
José Gabriel Pereira Bastos

ACTORES, HISTÓRIA(S) E FACTORES
DA VIDA CIGANA EM PORTUGAL
Percursos de uma História de Vida: o casamento de António Maia
Carlos Jorge dos Santos Sousa

«Da pobreza ao enriquecimento, da fronteira à mistura»: ser¬ cigano antes e depois do 25 de Abril à luz de uma abordagem estrutural¬ dinâmica
Ana Brinca

O associativismo cigano no feminino e o seu papel de regulação das disfuncionalidades da tradição cigana: um estudo de caso na AMUCIP
Elsa Rodrigues

Missão, mobilidade e fronteira: a Igreja de Filadélfia e os ciganos na Península Ibérica
Ruy Blanes

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E FORMAS DE VIDA
Ciganos e não ciganos: imagens conflituosas em contextos de vizinhança. O bairro social da Atouguia, Guimarães
Manuel Carlos Silva, José Manuel Sobral e Mariana Ramos

Ciganos em terras transmontanas: entre Gitanos e Chabotos
Lurdes Nicolau

Entre a exclusão e a integração: estudo de um grupo cigano no Porto
Olga Magano

«A gente não tem casa, é um dia aqui um dia além, somos ambulantes pronto!». A produção social do “nomadismo” cigano
André Clareza Correia

De bairro em bairro: uma família cigana em Vila Real de Santo António entre discriminação burocrática e social e possíveis formas de vida
Micol Brazzabeni

DEBATES IDENTITÁRIOS VIRTUAIS: O NÃO-DIÁLOGO INTERCULTURAL
Representações e estereótipos face ao Outro maioritário
Maria Manuela Mendes

A questão cigana: Portugueses Ciganos e ciganofobia em Portugal
José Gabriel Pereira Bastos

VOZES DE UM MUNDO DISTANTE: OS ROMA NA ROMÉNIA
Ser Cigano Ortodoxo: Estudo Etnográfico da Aldeia de Zanea, Roménia
Donizete Rodrigues e Cristina Leite

Identidade e participação política dos Roma Romenos
Amana de Sousa Ferro

(in http://www.edi-colibri.pt/Detalhes.aspx?ItemID=1672)


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Desafio 10 - Projecto Encontros

Dinamizador Comunitário: António Flores O meu percurso como Dinamizador Comunitário começou no conhecimento do projeto e das suas actividades, assim como do trabalho desenvolvido com as comunidades; para o bom desempenho nas minhas atividades foi muito importante a ajuda da equipa do projeto e a minha motivação em querer aprender mais. Ao longo do tempo a trabalhar no projeto, tenho conseguido aprofundar as minhas competências e adquirir novas, possibilitando-me ganhar autonomia nas minhas tarefas.
O momento mais marcante enquanto Dinamizador Comunitário foi o trabalho de apoio prestado à comunidade no preenchimento do requeri mento por insuficiência económica para pagamento das taxas moderadoras, que consistiu na divulgação da importância de preenchimento do mesmo e das datas limites para o fazer, na recolha de documentos (segurança social, finanças), assim como na introdução dos dados no sistema do Portal da Saúde. Este trabalho permitiu-me adquirir conhecimentos em diferentes áreas e ajudar as outras pessoas que não tinham possibilidades nem conhecimentos para o fazer.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

"Quando acreditam em nós e nos dão oportunidades!"


"A esta altura do campeonato já não me surpreende que me tenham convidado a escrever um artigo de opinião. Neste país, a EAPN Portugal começa a ter tradição em dar o papel principal aqueles que costumam ser ofuscados pela sociedade.
Tenho 14 anos como ativista cigano, anos de luta, de muita desilusão, frustração por não ver questões políticas e sociais, injustas, serem corrigidas. Não posso precisar com clareza, mas creio que foram mais momentos de amargura do que doçura; doçura vivida com muita intensidade, pois pequenos passos eram festejados com muita vibração. Estes festejos eram e são partilhados por pessoas que connosco, ativistas ciganos, têm traçado um caminho que visa melhorar a situação deste país. Sim, porque quando se melhora a situação de um cidadão que está em desvantagem por determinadas razões, o país também melhora.
Durante alguns anos fui convidado, enquanto presidente da Associação Cigana de Coimbra, a estar presente em variadíssimos eventos relacionados com as comunidades ciganas por esse país fora. Perdoem-me as pessoas ou entidades que organizaram essas iniciativas, mas senti que a minha presença era, como se diz na gíria, para inglês ver, para demonstrar que os ciganos são chamados a participar. Pura hipocrisia! Os ciganos ativistas são ainda hoje, tanto em Portugal como na Europa, tratados como alguém a quem escasseia potencial e competências para a gestão do seu próprio processo de inclusão na sociedade. Como diria o Juan Dios Heredia “continuam a fazer o bolo sem a farinha (ciganos). Dali pode sair alguma coisa, mas nenhum bolo!” É lamentável que as políticas se façam sem a participação dos interessados, os ciganos só avulsamente têm sido chamados a participar, convidados mas não tidos em conta. As nossas opiniões entram a 100 e saem a 200, fazendo dos ativistas ciganos protagonistas secundários do seu próprio processo de inserção, onde lhes é vedada a participação e a representação. Basta observarem quem de fato deveria dar o real exemplo, onde estão os ciganos como principais impulsionadores de políticas a seu favor? Isto é a mesma coisa que ter fome, ter a cozinha cheia de alimentos e ingredientes para fazer um bom cozido à portuguesa e alguém, intruso, entrar na minha casa e obrigar-me a comer uma canjinha de arroz porque é mais barato e porque pode ser mais saudável. É isso que se tem feito connosco. Fazem a refeição por nós e obrigam-nos a engoli-la. Isto é o mesmo que nos chamarem incapacitados, não é? Ou estarei a ser duro demais?
A EAPN Portugal, felizmente, quebra todo este ciclo vicioso, não permite que se silenciem os principais interessados, para eles vão os papéis principais, dando-lhes a oportunidade e o risco de errar, mas há essa oportunidade.
A EAPN Portugal tem habituado e capacitado os ativistas ciganos para falarem, para exporem, para contestarem, para contribuírem e construírem, com a consciência de que só assim se pode construir um verdadeiro processo de cooperação visando a melhoria e a minimização de toda a problemática em que grande parte das comunidades ciganas estão mergulhadas.
As pessoas e instituições têm que se unir num lema que passa por acreditar nos cidadãos, no seu potencial, no seu dom. Se assim não for é melhor que fechem as portas, pois é essa a base para construirmos um mundo melhor. Não quero ser presunçoso, mas acredito que em Portugal poucos são os ativistas ciganos que tiveram a oportunidade de viajar pela europa em formações, eventos, seminários e até abrir sessões de seminários. Hoje considero-me um dos maiores peritos ciganos em Portugal. Sabem porquê? Porque alguém (a EAPN Portugal) acreditou em mim. Nunca duvidaram do meu potencial e do meu eventual crescimento enquanto homem e ativista.
O meu livro infantil “A História do Ciganinho Chico” é um sucesso, mesmo fora de portas. O Brasil é o meu próximo destino para o apresentar. Este livro é fruto de um sonho de 10 anos, pois acreditei que os rascunhos que fui fazendo iriam dar um bom livro. Não me posso esquecer daqueles que se riram dos meus rascunhos e das entidades que ignoraram a minha escrita. Ouvi muitos nãos, sobretudo daqueles que deviam acreditar, mas o preconceito falou mais alto. Mesmo assim, nunca desisti, todos os nãos eram aproveitados para melhorar. Felizmente há entidades que em Portugal não olham para a pessoa mas sim para o conteúdo e, por isso, agradeço à Fundação Calouste Gulbenkian que, uma semana depois de ver o pré-projecto do livro se disponibilizou para ajudar na edição. Também não esqueço outras entidades, com responsabilidade de promover a temática, que também me responderam numa semana, com uma grande nega!
Mas quando acreditam em nós, como é o caso da EAPN Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian, principais patrocinadores do meu livro, a diferença aparece. E é isso que a EAPN Portugal tem vindo a fazer, criando oportunidades e espaços para que os mais interessados possam edificar e traçar os seus próprios processos de inclusão.
O lema da EAPN Portugal é este: trabalhar com e não para. Faz toda a diferença!"
Bruno Gonçalves, Vice-Presidente do Centro de Estudos Ciganos 
in http://focussocial.eu/opiniao.php?id=74

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Percepções e Representações Sobre as Comunidades Ciganas

24 de Julho 2012 - 21.00h Projeção de excertos do filme “Desencontros”: Testemunho de uma família cigana ______________________________________________ Comentadores: Bruno Gonçalves / Centro de estudos ciganos Maria José Vicente/EAPN Portugal Rei Neves / Associação S.R.C. Cigana de Coimbra ___________________________________________________ Local: Associação Social Recreativa Cultural Cigana de Coimbra Bairro do Ingote 3000 Coimbra

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Marcha do Alto Pina desfila e vence sob o tema "A chegada dos Ciganos ao Alto Pina"

Em época de santos populares, foi ontem, em noite de Santo António, que a Marcha do Alto Pina venceu pelo segundo ano consecutivo o Concurso das Marchas Populares, este ano com o tema "A Chegada dos Ciganos ao Alto Pina", com 261 pontos e apadrinhados por Filipa Cardoso e Joaquim Monchique; para o bairro foi também os prémios de "Melhor Figurino", "Melhor Coreografia", "Melhor Letra", "Melhor Musicalidade" e "Melhor Desfile na Avenida". A Marcha levou a desfile a chegada dos ciganos ao bairro no século XIX, surgindo na avenida com um rico e colorido figurino, com cavalos e carruagens com ciganas dançantes de pandeireta na mão e com danças e apontamentos de música cigana. _____________________________________________________ (até ao momento, este é o único video disponível da marcha em questão, de lamentar a pouca qualidade)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ciclo Temático PERCEPÇÕES E REPRESENTAÇÕES

09 de Junho 2012 - 16.00h PERCEPÇÕES E REPRESENTAÇÕES Projecção de excertos do filme “Desencontros”: o testemunho de uma família cigana ____________________________________________________ Comentadores: Bruno Gonçalves Olga Mariano Maria José Vicente _____________________________________________________ Local: Anfiteatro da Cruz Vermelha Portuguesa Delegação da Figueira da Foz Av. Dr. Manuel Gaspar de Lemos, 45 3080 Figueira da Foz _____________________________________________________ Inscrição para coimbra@eapn.pt, ao cuidado de Susana Lima ou fax: 239840796 ou telefone: 239834231 _____________________________________________________ Fonte: Facebook - Portugueses Ciganos e seus amigos

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estudo revela que dispersão de familias ciganas aumenta frequência escolar

No dia 23 de Maio, o Jornal de Noticias publicava uma noticia intitulada "Estudo revela que dispersão de famílias ciganas aumenta frequência escolar", tendo como ponto de partida o caso das famílias ciganas do Bairro do Ingote, em Coimbra, apoiadas pelo projecto Mediador Municipal, o artigo apresenta um estudo que revela que a maior dispersão entre as famílias ciganas aumenta a frequência escolar assim como um maior investimento na higiene e na conservação das suas casas. O referido artigo vem abaixo apresentado: "A atribuição de habitação pela cidade de Coimbra a famílias de etnia cigana está a provocar o aumento da frequência escolar e a reduzir os casamentos precoces da comunidade, conclui um estudo divulgado esta quarta-feira. Os responsáveis pelo Projeto Mediador Municipal de Coimbra afirmam existir uma maior preocupação com a inserção das crianças no meio escolar e sublinham que o fenómeno está a abranger cada vez mais raparigas e não apenas nos níveis de escolaridade inferiores. Das 53 crianças e jovens de etnia cigana que estão a estudar em Coimbra, "quatro meninas já ultrapassaram o 9º ano", afirmou Bruno Gonçalves, o mediador cultural do município, satisfeito com o crescente interesse da população cigana em "ter as crianças na creche e no pré-escolar". De acordo como o estudo, a dispersão de residência das famílias ciganas tem permitido uma "pressão menor da família", o que "implica uma maior autonomia na definição dos projetos de vida", nomeadamente entre a população feminina, que, além de estar a tornar mais longo o percurso escolar, está a reduzir o número de "casamentos precoces". O estudo, divulgado durante um encontro para a avaliação da atribuição de habitação na malha urbana de Coimbra a famílias de etnia cigana, revelou um maior investimento das famílias ao nível da higiene e conservação da habitação. O Planalto do Ingote, no entanto, continua a ser a área da cidade com maior concentração de população cigana, residindo ali cerca de um terço das 42 famílias ciganas da cidade, que ocupam cerca de 10% do parque habitacional da autarquia. Carlos Nobre, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, refere que embora "ainda insuficiente para as necessidades, o projeto de dispersão das famílias ciganas pela cidade, iniciado há três anos, tem contribuído para a melhoria da situação das comunidades ciganas". A atribuição de habitação é fundamental para a inserção da comunidade cigana, mas áreas como a educação e a saúde também são indispensáveis para "encontrar o equilíbrio entre "a abertura e a tolerância". A atribuição de habitação aos ciganos integra-se no projeto que tem vindo a ser desenvolvido em Coimbra e implicou a criação de um centro de estágio habitacional, pelo qual passam as famílias antes de serem alojadas em casas de diferentes bairros da cidade. Na sequência do projeto, Coimbra deixou de ter, "há já alguns anos, acampamentos, tendas e barracas ciganas", mas recentemente, foram sinalizados "quatro casos de tendas e barracas", que, o vereador da habitação da Câmara, Francisco Queirós, explica essencialmente com a crise económica." _________________________________________________ fonte: http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Coimbra&Concelho=Coimbra&Option=Interior&content_id=2542955&page=-1

quinta-feira, 26 de abril de 2012

WORKSHOP INTERNACIONAL SOBRE COMUNIDADES CIGANAS, EM MOURA

Dezasseis técnicos de oito países europeus (Itália, França, Grécia, Polónia, República Checa, Alemanha, Noruega e Portugal), que trabalham na área da interculturalidade e da integração social e educativa das comunidades ciganas, marcaram presença em Moura, entre 16 e 20 de Abril, no workshop organizado pela ADCMoura, “Action for interculturalism: ‘Roma communities’ inclusion in rural areas” (Programa Grundtvig). Esta iniciativa representou uma experiência muito profícua em termos pessoais e profissionais, quer para os participantes, que viram aumentadas as suas competências, o seu conhecimento sobre a realidade local e a sua rede de contactos, quer para a equipa organizadora e para a ADCMoura, que viram reforçados o seu capital de experiências e o seu estatuto nesta área. Para além de um conjunto de eventos de descoberta dos valores paisagísticos e culturais do concelho de Moura e de visitas de estudo em Moura e Sobral da Adiça para dar a conhecer aspectos da vida das comunidades ciganas locais, o programa de actividades incluiu sessões de debate e troca de experiências sobre questões relacionadas com a cultura cigana, modos de intervenção sócio-comunitária, mudanças culturais dentro das comunidades e estratégias de integração, e ainda apresentação e utilização de ferramentas apropriadas para o trabalho com públicos desfavorecidos (Teatro do Oprimido) e promotoras da participação (Caderno Temático), esta última utilizada na construção de propostas e recomendações na área da intervenção junto de comunidades ciganas, com que se encerrou o workshop. Mais informações: http://www.actionforinterculturalism.blogspot.pt/

quarta-feira, 21 de março de 2012

Aula Nómada PIEF Moura/Amareleja - Arroz de Funcho

A aula nómada organizada pelo PIEF de Moura/Amareleja incidiu sobre a preparação de uma receita tradicionalmente cigana - o Arroz de Funcho. A receita foi preparada por duas encarregadas de educação de alunos do PIEF, que também ensinaram todos os passos para a cozinhar. No final,num almoço de convivi, todos puderam provar o Arroz de Funcho, que superou as expectativas esperadas por aqueles que ainda não conheciam. A receita fica em baixo descrita para aqueles que tambem queiram experimentar. ARROZ DE FUNCHO
Ingredientes: Alho Cebola Sal Azeite Polpa de tomate Funcho Arroz Frango Preparação: Refoga-se o frango com o azeite, a cebola, o alho, o sal e a polpa de tomate. Em seguida, deita-se agua, deixa-se ferver um pouco e junta-se o funcho já partido. Depois de o frango estar cozido, deita-se o arroz. Serve-se ainda com o caldo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"Comunidades Ciganas, Cultura e Tradições"

No âmbito da Semana da Comunidade Educativa,no passado dia 24 de Janeiro teve lugar, na EBI de Amareleja, a tertúlia "Comunidades Ciganas, Cultura e Tradições" organizada pelo PIEF de Moura/Amareleja. Este evento juntou alunos e técnicos do PIEF, representantes da EBI (Direcção, Delegados e Subdelegados de turma, Funcionários), da Câmara Municipal de Moura e da CPCJ, a equipa do Projecto Encontros e o Mediador da Câmara Municipal. Para dar inicio à tertúlia foi apresentado o projecto "O Contador de Historias" (em articulação com o PIEF de Mourão): os alunos do PIEF em conjunto com a professora de Viver Português, contaram a história de um jovem cigano no seu percurso escolar e profissional e deram os seus testemunhos sobre a sua experiência pessoal na Escola e na convivência com outras culturas, assim como sobre a importância da Escola no seu percurso pessoal. De seguida, foi passado o filme "Sou Cigano", onde uma criança aborda várias questões relacionadas com a cultura cigana, como o casamento e o luto. Questões estas que seriam depois aprofundadas numa apresentação em power point, onde foram também apresentados temas como a religião, a língua, a bandeira, as diferentes festividades, o papel da família, do trabalho e da musica na comunidade cigana. Todos estes temas foram acompanhados pelas intervenções dos presentes, permitindo debater as perspectivas das diferentes culturas. A tertúlia finalizou com o visionamento do filme "Natal Cigano" realizado pelos alunos do PIEF de Moura/Amareleja com as famílias ciganas de Povoa de São Miguel.

SOU CIGANO from Tânia Duarte on Vimeo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Comunidade Cigana e a Escola Pública

Ao longo de vários anos, Cada vez mais a Escola vai exigindo da criança cigana o desempenho de certas tarefas, que quando deparada com elas toma consciência de que os conhecimentos que possui e que são valorizados pelo seu grupo de pertença, não são considerados adequados, tendo um reduzido significado para a escola. Este facto pode ser considerado inibidos no desempenho dessas tarefas, consideradas ameaças à sua auto-estima. A não resolução destas tarefas de acordo com o êxito definido pela Escola é reflexo da vulnerabilização da criança a um meio que lhe é desconhecido, não funcionando segundo as regras que conhece.
Muitos dos argumentos usados por professores e técnicos de intervenção é que as crianças são preguiçosas e que mentem bastante. No entanto, parece ser negligenciado o facto da mentira, associada a este grupo étnico, ter sido construída como uma estratégia de sobrevivência, necessária para fazer face à situação de desvantagem e desigualdade social e cultural vivenciadas. Estas crianças são consideradas escolarmente difíceis porque provocam "ruído", incomodam pela evidente dificuldade de adaptação e integração. É nos processos de organização do trabalho dentro da sala de aula que reside a maior incomodidade dos ciganos em relação à escola, motivando-os a criar uma serie de pretextos para abandonarem a sala a meio de uma aula ou faltarem às aulas. o receio de ser inferiorizado pelo "outro" resulta num fechamento das relações de sociabilidade inter-étnicas e fechando-se mais no grupo de pertença. A percepção da sua falta de escolaridade é associada a uma "deficiência" que os inibe de se inserirem no mercado de trabalho em ocupações fora do âmbito tradicional cigano, castrando-lhes as perspectivas de futuro profissional. A incapacidade de permanecer de forma continuada na escola deriva da pertença a um sistema cultural tradicionalmente afastado do saber letrado.
Desde sempre as crianças ciganas crescem num ambiente familiar e comunitário onde a escola é pouco valorizada, marginal às restantes actividades do seu quotidiano. O ritmo de vida das crianças é pautado pelo ritmo de vida dos adultos, o que influencia a percepção espacial e temporal e, consequentemente, a estrutura de pensamento da criança, diferente da exigida pela Escola. (fonte: "A Relação dos Ciganos com a Escola Pública", Casa-Nova, Maria José)